10 de janeiro de 2012

neh 123


O palavrão. Em um primeiro momento, foi isso que aproximou a escritora Maria Adelaide Amaral da atriz Dercy Gonçalves. “Você fala palavrão direitinho, deve falar desde criança.Você parece minha filha”, disse a comediante para a escritora, no primeiro encontro que tiveram, em 1993. Dercy acabou escolhendo Maria Adelaide para ser sua biógrafa.
O livro Dercy de cabo a rabo (Editora Globo, 319 páginas, R$ 34,90) – que teve lançamento original em 1994 – volta às prateleiras em uma edição revista e ampliada. Foi ele que serviu de base para que a própria Maria Adelaide escrevesse a minissérie Dercy de verdade, que estreia nesta terça-feira (10), na TV Globo, em quatro capítulos. A nova edição traz orelha assinada por Fafy Siqueira, que, juntamente com Heloísa Périssé, dará vida à Dercy na televisão.
No livro, no qual a autora preservou a própria Dercy contando sua vida em primeira pessoa, a comediante abre suas lembranças e conta histórias tão fantásticas quanto sua trajetória de vida. Como, por exemplo, o dia em que deu um flagrante no marido e na amante em um hotel em São Paulo. Ou então do seu vício em jogos. “Ela nunca escondeu nada. Ela contava até mesmo passagens mais fortes ou dramáticas de sua vida”, diz Maria Adelaide.
Para contar em quatro capítulos a trajetória da comediante que morreu aos 101 anos (Dercy dizia ter 103), em julho de 2008, a autora – conhecida pelos sucessos A casa das sete mulheres, Querido amigos e JK, diz que priorizou os fatos mais importantes e determinantes na vida de Dercy, como a saída de sua cidade natal, Santa Maria Madalena (interior do Rio de Janeiro), para seguir uma companhia de circo. “Dercy jamais seria apenas uma dona de casa, uma mulher normal. Ela nasceu artista”, diz Maria Adelaide.
ÉPOCA – Como está a sua expectativa para a estreia da minissérie?
Maria Adelaide Amaral – Está enorme, você não imagina. Mesmo que eu já tenha passado por tantas estreias, estou nervosa. O fato de a Dercy ser uma figura muito conhecida está gerando uma grande expectativa. Isso só aumenta a minha responsabilidade. Fico muito ansiosa. Mas eu tenho muita confiança nas meninas, a Heloísa e a Fafy, e na condução dada por Jorge Fernando.
ÉPOCA - Você acompanhou as gravações?
Maria Adelaide – Não. Detesto acompanhar gravações. Só gosto de duas coisas nesse processo de escrever para a televisão: escrever e editar. Editar eu gosto, gosto de trabalhar na mesa de edição. Mas, em Dercy de verdade, não participei. Vi apenas parte do material bruto. Quando eu estive no Rio (a escritora mora em São Paulo), as gravações nem tinham chegado ao final.